segunda-feira, 26 de março de 2012

Melodia sombria

Lindo demais!!!


A necessidade se arrastava atravessando seu corpo e pulsava com ritmo em sua mente. A música rugia e bramava, enchendo o enorme bar. Uma melodia estranha e tão escura e atraente como ele. As notas eram arrancadas das profundezas de sua alma, surgindo através de seus dedos até o violão embalado entre seus braços como se embala uma mulher. A música era uma das poucas coisas que o lembravam que estava vivo e que não era um dos não–mortos.
Podia sentir os olhares, embora nunca elevava a vista. Podia ouvir a respiração da multidão, o ar movendo-se através dos pulmões com a força de um tornado. Ouvia o fluxo vazante do sangue nas veias, chamando-o, tentado seus sentidos até que seu desejo fosse uma obsessão tão escura e implacável, como a sombra que atravessava sua alma.
Murmúrios. Centenas de conversas. Segredos. Palavras entrelinhas. As coisas que se sussurram nos bares sob o amparo da música. Ele ouvia cada palavra claramente, enquanto permanecia sentado sobre o palco
com a jovem e entusiasta banda com quem estava tocando. Ouvia os sussurros das mulheres que discutiam sobre ele. Dayan. Violonista principal de Los Trovadores Escuros. Todas queriam se deitar com ele por razões equivocadas e ele as queria, por razões que as teriam aterrorizado.
A canção terminou e a multidão rugiu, saltando, aplaudindo e gritando com aprovação. Dayan olhou para o homem que esperava na barra. Cullen Tucker levantou um copo de água para ele, com uma sobrancelha arqueada. - O que estamos fazendo aqui? - Dayan leu a expressão claramente, leu a mente do homem. O que estavam fazendo ali? O que o levara a entrar neste bar, pegar seu violão e tocar para a multidão? Sua atuação só atrairia atenção indesejada para eles. Não era seguro. Estavam sendo perseguidos, embora Dayan não tivesse escolha. Precisava estar neste bar. Estava esperando por algo... Por alguém.

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